Estudo do Salmo 73 - Parte 1

Graça e paz galera, este é o primeiro de muitos estudos que pretendemos compartilhar neste blog, pelo menos um por semana será postado. espero que gostem e compartilhe,

1) Estudo Global

    a) Gênero Literário

Este salmo não é tão fácil de se definir o gênero literário. Todos nós ficaríamos tentados em afirmar que é uma lamentação, ou um cântico de ações de graças, é verdade encontramos todos estes elementos no salmo, porém o que melhor se adéqua é a meditação sapiencial.
O caráter sapiencial é marcado pela discussão do problema da retribuição e pelo vocabulário, como por exemplo acontece nos livros de Jó e Eclesiastes.
b) Composição.

Entre uma introdução programática (v.1) e uma conclusão (27), o corpo articula-se em quatro seções com dois paralelismo de antíteses[1]. como veremos abaixo.

I.      2-12      A boa vida dos malvados.
II     13-16     A vida em desgraça do salmista (ou do orante).
III    17-22    O destino desgraçado dos malvados
IV    23-26    Destino Feliz do Salmista,

c) Análise textual

Apesar da aparência simples, obtida por redução a esquema, o salmo tem complexidade pouco frequente, para vermos essa complexidade, vamos analisar o estilismo como se organiza o sentido, começo analisando alguns sinais estilísticos.

 -- Partículas e elementos articulatórios.  Encontramos אַ֤ךְ ( transliteração. 'ach) nos versos 1.13 e 18 e אַ֗יִן ( transliteração: A·yin) em  2,2, 23 e 28. Esses vocábulos vão funcionar da seguinte forma no texto.

Nos versos 1 e 2 : אַ֤ךְ ( transliteração. 'ach) e אַ֗יִן ( transliteração: A·yin) unem a introdução a primeira parte, provocando um efeito de objeção: "Será assim, mas o que eu sou...".
No verso 13אַ֤ךְ ( transliteração. 'ach) introduz uma segunda parte de uma camada de atenção e uma volta sobre o mesmo.
Nos versos 18 e 22; 23 e 28: A terceira parte também leva אַ֤ךְ no começo do versículo e  אַ֗יִן na ultima parte do versículo.

Tudo isto produz contraste presente no texto e que muitas vezes não é perceptível nas traduções e empurra para o primeiro plano a pessoa do orante (salmista).

 - Repetições de palavras: Este salmo está cheio de paralelismos antitéticos, ou seja, que se opõem temos por exemplo nos versos 5, 14 e 16, é interessante notar que o salmista usa com frequencia certas palavras, justamente para enfatizar estas antíteses.
 Luis Alonso Schokel diz o seguinte ao comentar este salmo.: 

     "A luz das correspondências e oposições, alguém poderia pensar que uma distância intelectual, poderia transformar a agitação em esquema, usando as coordenadas eu/eles, agora/no final,. Mas o poema não chegou a essa distância ultima, quase congeladora da paixão. Uma série de elementos residem a perfeita simetria e a rigorosa regularidade,[...]"  

Um dado significativo do que Schokel fala são os versos 21 e 22, onde  segunda parte do verso invade a terceira. este poema traz inclusive em sua estruturação textual toda a tenção que vemos quando analisamos os paralelismo apresentados mais acima.

Na segunda parte deste estudo veremos como este salmo apresenta tenções parecidas como as encontradas em Jó e Ecliasastes por exemplo, que é a sorte ou o destino dos bons e maus tema este central nos escritos sapienciais. 



Bibliografia
Alonso Schokel, Luís Salmos II, introdução e comentários - São Paulo: Paulus, 1998
SELLIN, Erners, Introdução ao Antigo Testamento - São Paulo: Editora Academia Cristã/Paulus, 2012 p.58-71 e 359-375.

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