Estudo do Salmo 73 - Parte 2

continuando o estudo do Salmo 73, caso você não tenha visto a primeira parte ela está disponível neste link Estudo do Salmo 73 - Parte 1

O Problema sapiencial pessoal.

É claro que o poema confronta-se com um problema tipicamente sapiencial: a sorte ou o destino dos bons e dos maus. É o problema clássico da retribuição, em perspectiva intra mundana e contando com Deus. É preciso ler o Sl 37, seguro e ingênuo, como peça de comparação. Os maus se chamam aí de  רְשָׁעִ֑ים (reshaim 0 perverso, crimino. como por exemplo no verso 12) e o bom toma o nome pouco usado de inocente נִקָּי֣וֹן (nikkayom -  inocente, ou livre de culpa) .
Também é de costume sapiencial a descrição de um caráter, ou tipo humano: como bêbado em Pr. 23, o preguiçoso e Pr 24 e atentadora em Pr 7.

O peculiar do salmo  é a intensa personalização deste problema. Mais que o tema de reflexão percebemos que é algo da experiência, algo que surge em meio ao cotidiano.
Isto é perceptível quando vemos as frequentes como a descrição dos maus entra neste salmo como "realidade" vista pelo "orante" (salmista), ele fala da realidade tal como viu e vive nesta. mas outro ponto interessante  é que a resposta para o problema da realidade apresentado pelo texto não é tipicamente uma resposta sapiencial, tanto é que a resposta sapiêncial que é a reflexão falhou, como vemos "Eu meditava para entender;" e fracassava. este fracasso, era necessário para que o salmista não encontrasse a resposta nele, mas sim em Deus. Deus comunica e comunica-se a si mesmo, e o autor nos da testemunho de sua ultima experiência, 
Notemos os sujeitos das quatro secções:


  • I    Dominam "eles", mas, dentro da visão do "eu", com desprezo de Deus.
  • II   Domina totalmente o "eu", em luta e processo até "entrar e compreender".
  • III  Domina Deus, na segunda pessoa, determinando o destino "deles".
  • IV Intençã união de Deus e  "eu" .
No salmo, Deus não fala. Num momento reduz-se a uma presença no pronome sentida imediatamente, mais valiosa do que tudo.

Comentário Exegético.

verso 2-12.

A objeção brota da experiência pessoal, que lhe ensina o contrário como em Jó. O salmista fala da realidade miserável em que ele vive e da soberba com que aqueles que oprimem o fazem. A situação de injustiça é tão grande que a injustiça, chega a ser desejada por aqueles que são oprimidos ( o salmista). "eles" contra o céu desandam, vivem como deuses.
É assim que ele encerra o verso 11 dizendo: e  "como eles dizer como conhecer Deus? há Conhecimento em Deus?, ou seja será que é possível encontrar a justiça em Deus, há justiça em Deus?

versos 13-16

Aqui como já demonstrado no problema sapiencial, vemos a desgraça em que vive o salmista, e que ele não consegue compreender o porque disto acontecer, conforme ele mesmo diz, o simples fato de meditar, é pesado de mais para ele.

versos 17-22

Quando então o salmista deixa de buscar um resposta em sí, e mantém sua confiança no Senhor, então ele passa a compreender, passa a compreender que o fim deles é a destruição que eles mesmos provocam, a permissibilidade de Deus em permitir tais coisas, está em Deus saber que "eles" mesmos estão causando sei fim.

versos 23-26

Diferentemente dos opressores, o destino feliz do salmista, é a esperança em saber que o Senhor sempre estará com ele, e é ele que o guiara.
O salmista aqui descobre não uma resposta intelectual como ele buscava em suas reflexões, mas sim uma presença pessoal, e isso é declarado em três ações concretas, me agarras, me guias e me arrebatas, o verbo agarrar é muito raro no texto bíblico tendo Deus como sujeito (vemos somente em Sl 77,5 e Jó 16,22) e mesmo assim em ações violentas; o segundo é comum nos salmos, e o terceiro comum em Elias e Enoc. é interessante como esta esperança ultima é demonstrada nestas palavras, esta tríade forma um pequeno êxodo libertador que termina em Deus, o Termo gloria (כָּב֥וֹד, kabbod) indica o movimento, ou modo de condução: À glória.

O desejo dos malvados que são os céus e a terra, e que causaram inveja ao salmista (verso 3) agora não tem mais importância, pois ele encontrará algo mais precioso, ele encontrou Deus.

Felicidade Eterna?

Uma pergunta que este salmo nos deixa é. não haverá então justiça neste mundo? não devemos quando o salmista usa as palavras para sempre, final, glória, arrebatar, o que ele quer dizer? como devemos interpretar isto?

Os anceios do salmista são os mesmos que os nossos, e suas frustrações também. Vivemos em um tempo onde cada vez mais a justiça impera, a corrupção prolifera e a injustiça é vista como justiça, e também em nossos tempo, principalmente no Brasil, não encontramos soluções ao refletirmos, perdemos a esperança com este mundo.

Primeiro precisamos compreender que toda escatologia ( ou esperança de fim) para o povo de Israel, é que a terra seria restaurada, viria pois o Messias para restaurar a justiça e a misericórdia, e é nesta esperança que se agarra o salmista. não ele não se desilude da sua realidade e desiste de lutar por ela, mas antes lembra que ele por si só não irá conseguir muda-la. Então ele sente a esperança do Altissimo, nele encontra sua herança, e Nele se agarra, para que ele o guie e o leve até sua glória.

Ao ter a experiência com Deus, se acalma e se senti feliz, apesar de seu sofrimento. pois a certeza de que isso irá mudar e que a justiça de Deus está para chegar é certa.

e assim ele termina sua oração (seu salmo) 

Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no SENHOR Deus, para anunciar todas as tuas obras. 





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